Entrevista com o Dr. Alencar Mendes, relativa à proposta do Prefeito
Municipal de reabrir o debate sobre o número de vereadores em Caçador.
O Dr. Alencar Mendes, cirurgião
dentista em nossa cidade, encampou, juntamente com outras entidades como ACIC,
BPW, União das Associações de Moradores e outras, as manifestações contrárias
ao aumento do número de vereadores, pronunciando-se nas duas oportunidades em
que este tema foi discutido na Câmara. Sua posição, e da associação a que representa
(ABO – Caçador), sempre foi contrária ao aumento do número de vereadores.
Diante da proposta, do Prefeito
Municipal, de retomar a discussão sobre o número de vereadores, qual a sua
opinião?
Desde o ano de 2011 temos lutado,
mobilizado nossos contatos e estudado sobre este tema. Sempre tivemos uma
posição contrária ao aumento do número de vereadores pelas diversas razões que
já expusemos em várias ocasiões, inclusive neste próprio jornal.
No entanto, durante todo este
tempo, nunca se observou qualquer tipo de reação do poder Executivo neste
assunto. Aliás, pelo contrário. Como pudemos observar no episódio da Eleição
Indireta, o Prefeito Imar Rocha conta com a maioria dos votos na Câmara
Municipal. Estes mesmos vereadores, na maioria de seu próprio partido, sempre
foram os maiores defensores do aumento de vagas para a Câmara, e nunca houve
uma palavra sequer do Prefeito, solicitando que fosse alterado este
posicionamento.
Já li algumas opiniões a respeito
e concordo com a análise que diz que o que poderia estar acontecendo agora seria
algum tipo de jogada demagógica que pretende deixar o Prefeito como “herói” de
uma batalha que já foi lutada e que foi perdida.
Sua opinião sobre o assunto então
mudou? O senhor passou a ser favorável ao aumento?
De maneira alguma. Que isso fique
bastante claro. Meu comprometimento com esta causa não se alterou uma vírgula. Sempre
achei que o número de dez vereadores devesse permanecer. No máximo a alteração
de uma cadeira (a mais ou a menos) para que se faça o alegado número ímpar. O
que acho estranho, inconveniente e inoportuno é que o Prefeito, menos de um mês
depois que tudo já estava encerrado, volte a mexer com este tema, prejudicando
a atuação da câmara, que, apesar de não concordarmos com o resultado, já se
ocupava de outros assuntos. Democracia é assim. Ganhamos ou perdemos. Trazer
cadáveres de volta à vida é que atrapalha o andamento normal do processo.
Na sua opinião, qual o real
objetivo desta nova discussão?
Fica difícil analisar em sua
totalidade o assunto, mas me entristece pensar que nossa luta de todo este
tempo esteja sendo usada com objetivos políticos. Talvez assumir tardiamente um
papel de líder de seu partido, alguém que tem possibilidade de influenciar
decisões possa trazer algum benefício. Jogar a responsabilidade novamente para
a Câmara, de onde sairão os prováveis adversários de seu partido ao pleito
eleitoral também parece ser um dos cenários possíveis, criando uma situação
desgastante.
No entanto, não vejo com que
argumentos os vereadores, que tanto se empenharam em aprovar este projeto,
contrários à opinião popular, possam alterar seus votos nesta nova ocasião. Os
prazos também são extremamente curtos para que se obtenha uma decisão até o dia
30 de junho, prazo dado pela Justiça Eleitoral para a definição do número de
cadeiras na Câmara Municipal.
Qual o seu posicionamento neste
cenário?
Continuarei acompanhando o
processo e manifestando minhas opiniões nos momentos em que forem necessárias.
Sempre mantive a coerência nestas opiniões. Se há uma possibilidade de que o
número se mantenha, é exatamente o que buscamos durante todo este tempo e a
apoiaremos incondicionalmente. Não gostaria, no entanto, que fôssemos
transformados de uma luta justa e merecedora da sociedade em um mero cenário
para promoção ou detração política.