Carta ao Jornal - Eleições 2010

(enviada em 15/10/10)


Ao Sr.
Osni Ribeiro Melo
Editor Chefe
Jornal Folha da Cidade


Prezado Sr.


Como leitor assíduo de seu jornal e também de sua coluna, venho a público manifestar-me.
Nas últimas semanas ou meses percebo em seus textos escritos na coluna “Fatos Diários”, de sua autoria, um claríssimo posicionamento político e eleitoral em favor da candidata do PT à presidência da república, Sra. Dilma Vana Roussef.
Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que não me oponho em nenhum momento à expressão de opinião de sua parte ou da parte de ninguém. Este é um direito fundamental da democracia que tanto prezamos e garantido pela nossa Constituição. Apenas considero que a sua opinião, como jornalista, tem um alcance muito maior do que a minha, por exemplo, e desta maneira existe a falsa impressão de que a sua opinião representa a opinião de consenso, o que certamente não é verdade.
Consenso, aliás, nunca foi o objetivo da democracia. Este sistema de governo é tão somente a expressão da vontade da maioria, que tem como grande vantagem sobre qualquer outro sistema não a escolha dos melhores, mas sim a substituição do que não é bom.
Temos um grande exemplo das falhas do sistema com a situação da eleição (limpa e democrática) de um palhaço (desta vez no sentido literal da palavra) para um cargo da maior importância em nossa nação. Ainda assim confiamos e acreditamos na democracia como o melhor dos mundos possíveis.
Ocorre que, a alternativa da continuidade de um governo que é totalmente calcado na popularidade individual de uma pessoa flerta perigosamente com um sistema, que na realidade seria uma ditadura travestida de democracia, um sistema existente por 70 anos no México, e que começa a tomar forma na vizinha Venezuela.
A continuidade do governo personificado por Lula cria um risco ainda maior que é o da eleição de um mero “fantoche”, que serve apenas para cumprir artificialmente as regras eleitorais, continuando o poder a ser exercido pelo “autêntico e verdadeiro salvador e inventor da pátria”. Também existem exemplos disso acontecendo atualmente na Rússia. Esta, exatamente, é a propaganda eleitoral do PT. Não se está fazendo uma escolha entre José Serra e Dilma Vana Roussef, mas sim entre José Serra e “a candidata do Lula”.
Dito isto, passo a não dar a menor importância a esta candidata e sim ao ventríloquo que fala através dela.
Sendo assim, torna-se ainda mais importante observar o que o principal mandatário do país vem fazendo desde que assumiu o cargo em 2002. Nunca perdendo o tom “palanqueiro”, nosso presidente (Sim. Ele também é o meu presidente, eu respeito a democracia.) vem fazendo discursos de campanha seja durante uma reunião ministerial, um encontro das Nações Unidas ou um pronunciamento à nação. Isto, somado ao despreparo intelectual da imensa maioria da população ajudou a criar um mito, no qual todos os inúmeros e comprovados crimes tornam-se apenas “boatos” ou “versões”. A verdade parece nunca ter valor, e sim a “versão”.
O caso da agressão sofrida por José Serra é emblemático. Boa parte da imprensa, incitada ou cooptada pelo líder maior da nação, despreza o fato real ocorrido (a agressão e a violação ao direito de ir e vir) e transforma tudo em uma guerra de versões. Sinceramente, parece que o que está sendo discutido é que, os baderneiros do PT podem fazer o que bem entenderem, desde que não matem ninguém. Pouco importa se teve sangue ou não, se o rolo de fita era usado ou novo, se era mais leve ou mais pesado. O que realmente conta é o absurdo de que o chefe maior de nossa nação incita, apóia e até ri da violência cometida por seus aliados. Aquele, infelizmente, é o meu presidente, a pessoa que deveria dar o exemplo a ser seguido por todos os cidadãos deste país. Neste episódio, como em tantos outros, ele mostra sua verdadeira face de “chefe de bando”, ou ainda de “líder de facção”.
Além disso, os valores democráticos, em especial a liberdade de imprensa e liberdade de expressão que tanto prezamos, eu e você, meu caro Osni, vem sofrendo duros golpes desde que este partido assumiu o poder em 2002, que só não foram adiante devido à própria ação da parte da imprensa que ainda pensa por conta própria e não está subordinada aos desígnios de um partido que tudo fez para aparelhar o estado em seus diversos níveis e, não satisfeito, está se infiltrando em diversos setores da imprensa e institutos de pesquisa, que deveriam ser independentes, tal qual o livro de George Orwell, 1984.
Desta maneira, conclamo, como apenas um cidadão, a todos aqueles que fazem parte do Brasil que trabalha, produz e ganha seu dinheiro, em boa parte para sustentar aquela imensa âncora ao nosso crescimento e desenvolvimento que é o gigantesco e ineficiente estado aparelhado pelo PT e seus apaniguados, a que reflita muito bem sobre a poderosa arma que tem em mãos no dia 31 de outubro.
Esta arma foi conquistada com imensas lutas e esforços para que simplesmente deixemos, mais uma vez, sermos passados para trás por políticas populistas e assistencialistas e por quimeras e mitos surgidos do imaginário popular que, comprovadamente, não têm a menor capacidade de comandar um povo, um país, uma nação.

Alencar Mendes